sábado, 12 de novembro de 2011

Esclarecendo o caso USP (pra quem vê de fora)

Somos alunos da ECA-USP e visto a falta de imparcialidade da mídia com referência aos últimos acontecimentos ocorridos dentro da Universidade de São Paulo, cremos ser importante divulgar o cenário real do que realmente se passa na USP. Alguns fatos importantes que gostaríamos de mostrar:

- O incidente do dia 27/10/11, quando 3 alunos foram pegos portando maconha, NÃO foi o ponto de partida das reivindicações estudantis. Aquele foi o estopim para insatisfações já existentes.

- Portanto, gostaríamos de explicitar que a legalização da maconha, seja dentro da Cidade Universitária ou em qualquer espaço público, não é uma reivindicação estudantil. Alguns grupos até estão discutindo essa questão, mas ela NÃO entra na pauta de discussões que estamos tendo na USP.

- Os alunos da USP NÃO são uma unidade. Dentro da Universidade há diversas unidades (FFLCH, FEA, Poli, etc.) e, dentro de cada unidade, grupos com diferentes opiniões. Por isso não se deve generalizar atitudes de minorias para uma universidade inteira. O que estamos fazendo, isso no geral, é sim discutir a situação atual em que se encontra a Universidade.

- O Movimento Estudantil, responsável pelos eventos recentes, NÃO é uma organização e tampouco possui membros fixos. Cada ação é deliberada em assembleia por alunos cuja presença é facultativa. O que há é uma liderança desse movimento, composta principalmente por membros do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e dos CAs (Centros Acadêmicos) de cada unidade. Alguns são ligados a partidos políticos, outros não.

- Portanto, os meios pelos quais o Movimento Estudantil se mostra (invasões, pixações, etc.) não são decisão de maiorias e, portanto, são passíveis de reprovação. Seus fins (ou seja, os pontos reais que são discutidos), no entanto, têm adesão muito maior, com 3000 alunos na assembleia do dia 08/11.

- Apesar de reprovar os meio usados pelo Movimento Estudantil (invasões, depredação), não podemos desligitimar as reivindicações feitas por esses 3000 alunos. Os fatos não podem ser resumidos a uma atitude de uma parcela muito pequena dos universitários.

Sabendo do que esse movimento NÃO se trata, seguem suas reinvidicações:

DISCUSSÃO DO CONVÊNIO PM-USP / MODELOS DE SEGURANÇA NA USP

A reivindicação estudantil não é: PM FORA DO CAMPUS, mas antes SEGURANÇA DENTRO DO CAMPUS. Os estudantes crêem na relação dessas reivindicações por três motivos:

A PM não é o melhor instrumento para aumentar a segurança, pois a falta de segurança da Cidade Universitária se deve, entre outros fatores, a um planejamento urbanístico antiquado, gerando grandes vazios. Iluminação apropriada, política preventiva de segurança e abertura do campus à populacão (gerando maior circulação de pessoas) seriam mais efetivas. Mas, acima de tudo...

A Guarda Universitária deve ser responsável pela segurança da universidade. Essa guarda já existe, mas está completamente sucateada. Falta contingente, treinamento, equipamento e uma legislação amparando sua atuação. Seria muito mais razoável aprimorá-la a permitir a PM no campus, principalmente porque...

A PM é instrumento de poder do Estado de São Paulo sobre a USP, que é uma autarquia e, como tal, deveria ter autonomia administrativa. O conceito de Universidade pressupõe a supremacia da ciência, sem submissão a interesses políticos e econômicos. A eleição indireta para reitor, com seleção pessoal por parte do governador do Estado, ilustra essa submissão. O atual reitor João Grandino Rodas, por exemplo, era homem forte do governo Serra antes de assumir o cargo.

POSTURA MAIS TRANSPARENTE DO REITOR RODAS / FIM DA PERSEGUIÇÃO AOS ALUNOS

Antes de tudo, independentemente de questões ideológicas, Rodas está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo por corrupção, sob acusação de envolvimento em escândalos como nomeação a cargos públicos sem concurso (inclusive do filho de Suely Vilela, reitora anterior a Rodas), criação de cargos de Pró-Reitor Adjunto sem previsão orçamentária e autorização legal, e outros.

No mais, suas decisões são contrárias à autonomia administrativa que é direito de toda universidade. Depois de declarar-se a favor da privatização da universidade pública, suspendeu salários em ocasiões de greve, anunciou a demissão em massa de 270 funcionários e, principalmente, moveu processos contra alunos e funcionários envolvidos em protestos políticos.

Rodas, em suma: foi eleito indiretamente, faz uma gestão corrupta e destrói a autonomia universitária.

Você pode estar pensando…

MAS E O ALUNO MORTO NO ESTACIONAMENTO DA FEA-USP, ENTRE OUTRAS OCORRÊNCIAS?
Sobre o caso específico, a PM fazia blitz dentro da Cidade Universitária na noite do assassinato. Ainda é bom lembrar que a presença da PM já vinha se intensificando desde sua primeira entrada na USP, em Junho/2009 (entrada permitida por Rodas, então braço-direito de Serra). Mesmo assim, ela não alterou o número de ocorrências nesse período comparado com o período anterior a 2009. Ao contrário, iniciou um policiamento ostensivo, regularmente enquadrando alunos, mesmo em unidades nas quais mais estudantes apoiam sua presença, como Poli e FEA.

MAS E A DIMINUIÇÃO DE 60% NA CRIMINALIDADE APÓS O CONVÊNIO USP-PM?
São dados corretos. Porém a estatística mostra que esta variação não está fora da variação anual na taxa de ocorrências dentro do campus ( http://bit.ly/sXlp0U ). A PM, portanto, não causou diminuição real da criminalidade na USP antes ou depois do convênio. Lembre-se: ela já estava presente no início do ano, quando a criminalidade disparou.

MAS, AFINAL, PARA QUE SERVE A TAL AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA?
Serve para que a Universidade possa cumprir suas funções da melhor maneira possível. De maneira simplista, são elas:
- Melhorar a sociedade com pesquisas científicas, sem depender de retorno financeiro imediato.
- Formar cidadãos com um verdadeiro senso crítico, pois mera especialização profissional é papel de cursos técnicos e de tecnologia.

Importante: autonomia universitária total não existe. O dinheiro vem sim do Governo, do contribuinte, porém a autonomia universitária não serve para tirar responsabilidades da Universidade, mas sim para que ela possa cumprir essas responsabilidades melhor.

COMO ISSO ME AFETA? POR QUE EU DEVERIA APOIA-LOS?
As lutas que estão ocorrendo na USP são localizadas, mas tratam de temas GLOBAIS. São duas bandeiras: SEGURANÇA e CORRUPÇÃO, e acreditamos que opiniões sobre elas não sejam tão divergentes. Alguém apoia a corrupção? Alguem é contra segurança?

O que você acha mais sensato:
- Rechaçar reivindicações justas por conta de depredações e atos reprováveis de uma minoria, ou;
- Aderir a essas mesmas reivindicações, propondo ações mais efetivas?

Você tem a liberdade de escolher, contra-argumentar ou mesmo ignorar.
Mas lembre-se de que liberdade só existe com esclarecimento.
Esperamos ter contribuído para isso.

Se você se interessa pelo assunto, pode começar lendo este depoimento: http://on.fb.me/szJwJt

Bárbara Doro Zachi
Jannerson Xavier Borges

PS: Já que a desconfiança é com a mídia, evitamos linkar material de qualquer veículo.

por Jannerson Xavier, quarta, 9 de Novembro de 2011 às 16:04

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

LEMBREM DE MIM

1.

como quem assiste missa
como quem hesita, mestiça,
entre a pressa e a preguiça

2.

já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo

morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma

morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma

3.

um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante

carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha

ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra

4 e 5.

LÁPIDE 1
epitáfio para o corpo

Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito
são suas obras completas.

LÁPIDE 2
epitáfio para a alma

aqui jaz um artista
mestre em disfarces

viver
com a intensidade da arte
levou-o ao infarte

deus tenha pena
dos seus disfarces

6.

Aço e Flor

Quem nunca viu
que a flor, a faca e a fera
tanto fez como tanto faz,
e a forte flor que a faca faz
na fraca carne,
um pouco menos, um pouco mais,
quem nunca viu
a ternura que vai
no fio da lâmina samurai,
esse, nunca vai ser capaz.

7.

a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da mão

8.

parem
eu confesso
sou poeta

cada manhã que nasce
me nasce
uma rosa na face

parem
eu confesso
sou poeta

só meu amor é meu deus

eu sou o seu profeta

9.

desta vez não vai ter neve como em petrogrado aquele dia
o céu vai estar limpo e o sol brilhando
você dormindo e eu sonhando

nem casacos nem cossacos como em petrogrado aquele dia
apenas você nua e eu como nasci
eu dormindo e você sonhando

não vai mais ter multidões gritando como em petrogrado
[aquele dia
silêncio nós dois murmúrios azuis
eu e você dormindo e sonhando

nunca mais vai ter um dia como em petrogrado aquele dia
nada como um dia indo atrás do outro vindo
você e eu sonhando e dormindo

10.

para a liberdade e luta

me enterrem com os trotskistas
na cova comum dos idealistas
onde jazem aqueles
que o poder não corrompeu

me enterrem com meu coração
na beira do rio
onde o joelho ferido
tocou a pedra da paixão

11.

en la lucha de clases
todas las armas son buenas
piedras
moches
poemas

(Paulo Leminski)


Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=584#ixzz1dJuzmpVH
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

É hora de construir um grande Plebiscito Nacional por 10% do PIB para a educação pública já!

ANEL faz um chamado a todo o movimento estudantil brasileiro:
Chegou a hora de arregaçar as mangas e construir um grande Plebiscito Nacional pelos 10% do PIB para a Educação Pública Já!



Todo brasileiro sabe: a educação tem que melhorar!

Há um grande consenso entre todos os brasileiros: a educação em nosso país é deplorável. Entra e sai governo que, durante as eleições, sempre diz que a educação será prioridade, mas no final das contas nada muda. Esse ano, Dilma começou 2011 já cortando R$3,1 bilhões da educação, logo no ano que apresentou ao país seu novo Plano Nacional da Educação, que traça 20 metas com o prazo de 10 anos de duração. Já com o 6º ministro tendo caído em menos de 7 meses, os escândalos de corrupção deixam claro que o dinheiro que circula pelo Planalto Central serve apenas para enriquecer o bolso de políticos corruptos e banqueiros, enquanto a educação fica a ver navios.



Não ao PNE do governo!

O novo PNE que está tramitando no Congresso Nacional propõe o investimento de 7% do PIB para 2020 na educação. Nem Dilma nem Haddad (ministro da Educação) não explicaram porque o antecessor na presidência não cumpriu com as metas prometidas no antigo PNE e, apesar dos apelos de ampliar o investimento, foi intransigente com a sua posição. Este PNE, além disso, sistematiza as principais medidas da Reforma Universitária transformando-as em política de estado, e assim possui duas lógicas fundamentais: repasse de verbas públicas para instituições privadas, e imposição de metas e projetos que barateiam e precarizam a educação a médio e longo prazo. Por isso não é possível confiar nas mais de 3 mil emendas que estão sendo feitas a esse Plano no Congresso Nacional, porque é impossível através de pequenos ajustes garantirmos um Plano Nacional de Educação que realmente contemple as necessidades dos trabalhadores de um ensino de qualidade e universal, público e gratuito. E pra começar a falar em melhorias, o mais urgente é ampliação imediata do investimento na educação pública do nosso país.



2011: o ano que trabalhadores e estudantes defenderam com força a educação.

Infelizmente, este ano já deixou claro, por um lado, que o governo Dilma não está disposto a atender nossas reivindicações no terreno da educação. Por outro lado, deixou claro também que professores, servidores e estudantes, além de trabalhadores de diversas outras categorias, também não estão dispostos a aceitar o que impõe o governo sem resistir. Foi esse o recado que deram as greves de professores em 18 estados que reivindicavam o aumento e a garantia do piso salarial nacional, a forte greve nacional de servidores federais ou ainda os estudantes das mais de 20 universidades que lutavam por assistência estudantil, melhores condições estruturais e mais professores.
Foi com esse espírito que se iniciou e desenvolveu em 2011 a Campanha Nacional pelos 10% do PIB para a educação pública já. Este tema foi o principal do 1º Congresso da ANEL, e também de outras entidades vinculadas à educação.
Foi construída ao longo do ano uma grande articulação entre diversas entidades, como o ANDES, CSP Conlutas, SINASEFE, MST, MTST, CFESS, Intersindical, diversas entidades estudantis e sindicatos de profissionais da educação, e outras categorias como metalúrgicos, metroviários, operários da construção civil, etc. A partir desta articulação, foi se desenvolvendo e fortalecendo o Comitê Nacional e os Estaduais, que organizaram diversas atividades, materiais e iniciativas da Campanha.



Mãos à obra: é Plebiscito Nacional em novembro!



Chegado novembro, temos uma grande tarefa nas mãos: construir o Plebiscito Nacional. Após superar discordâncias sobre a melhor data para sua realização, o Plebiscito será de 6 de novembro a 6 de dezembro. É muito importante que agora Centros Acadêmicos, Grêmios, DCEs e Executivas de Curso, em aliança com sindicatos, movimentos populares e de combate às opressões, planejem quando abrirão suas urnas, entrando em contato com o Comitê do seu Estado para pegar as cédulas e listagens.
Já no dia 6, será realizada a prova do ENADE e será um importante momento de fazer um debate com estudantes para que boicotem e votem no Plebscito por uma avaliação de verdade, 10% do PIB para a educação já! Este projeto está presente no novo PNE de Dilma, e é uma prova que promove o ranqueamento entre os cursos, privilegiando aqueles que tiram uma melhor nota sem se preocupar com os reais problemas que enfrenta o ensino superior: a falta de investimento para abertura de vagas e garantia de qualidade nas universidades públicas.



A cada luta e reivindicação, é 10% do PIB para a educação!

É importante que nas universidades o Plebiscito esteja colado aos temas e processos reais que estão acontecendo. Podemos vincular aos recentes problemas do ENEM, denunciando que essa prova em nada avança para a universalização do ensino e que é preciso que mais do que apenas 5% da juventude brasileira tenha acesso ao ensino superior público. Ou ainda exigir melhores condições de assistência estudantil, com a garantia para todos de bolsas, moradias, bandejões e creches universitárias para as mães estudantes. Devemos exigir de Dilma que retire o veto ao Kit Anti-Homofobia e invista numa educação que combata as opressões. Ou ainda, aproveitando o dia da Consciência Negra 20 de novembro, exigir nas universidades cotas raciais e nas escolas o ensino de história da África. É possível também aproveitar os processos de eleição de CAs e DCEs para fortalecer a campanhas das chapas comprometidas com essa bandeira.
A Comissão Executiva Nacional da ANEL já deixou marcada uma reunião com representantes dos estudantes e do Ministério Nacional da Educação para, ao fim do Plebiscito, entregar-lhes o resultado e a Pauta Nacional de Reivindicações Estudantis, a fim de pressionar o governo para que nossa demanda seja atendida.



De norte a sul do país, é hora de coletar milhares de votos!

É preciso aproveitar o Plebiscito, por fim, para fazer um amplo debate com a população que não agüentamos mais o caos da educação no nosso país e que queremos dar um basta ao enorme atraso histórico que somos obrigados a viver. Não aceitaremos perder mais uma geração inteira de crianças e jovens sem um ensino de qualidade. Os filhos da classe trabalhadores devem ter seu direito ao futuro, devem poder desenvolver suas capacidades.
O Plebiscito poderá ser uma importante pressão popular ao governo Dilma para que invista os 10% do PIB em educação pública, além fomentar e preparar as futuras lutas que virão em defesa da educação. Para isso, é preciso arregaçar as mangar e recolher milhares (ou quem sabe milhões?) de votos de norte a sul do país. Os ventos da primavera árabe já espalham por todo o mundo, e devemos buscar transformar o Brasil num Chile, colocando trabalhadores, estudantes, famílias e toda a população unida para dizer BASTA: Queremos 10% do PIB para a educação pública JÁ!

Fonte: http://www.anelonline.org/?p=3185

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Poemas para refletir



Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

(Bertolt Brecht)



Na primeira noite,
eles se aproximam
e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite,
já não se escondem,
pisam as flores,
matam nosso cão.

E não dizemos nada.

Até que um dia,
o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua,

e,

conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.

(Maiakovski)




Um dia vieram
e levaram meu vizinho,
que era judeu.

Como não sou judeu,
não me incomodei.

No dia seguinte,
vieram e levaram meu outro vizinho
que era comunista.

Como não sou comunista,
não me incomodei.

No terceiro dia vieram
e levaram meu vizinho católico.

Como não sou católico,
não me incomodei.

No quarto dia,
vieram e me levaram;
Já não havia mais ninguém para reclamar...

(Martin Niemöller, 1933, símbolo da resistência aos nazistas.)




Primeiro eles roubaram nos sinais,
mas não fui eu a vítima,
depois incendiaram os ônibus,
mas eu não estava neles;
depois fecharam ruas,
onde não moro;
fecharam então o portão da favela,
que não habito;
em seguida arrastaram até a morte uma criança,
que não era meu filho...

(Cláudio Humberto, 2007)