segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Carta de uma senhora a seu ex-escravo, e a resposta indignada de um homem livre




Jarm Logue escravo eua carta
Jarm Logue (reprodução)


















Maury Co., Estado do Tennessee,
20 de fevereiro de 1860.
Para Jarm:
– Tomo minha caneta para escrever-lhe algumas linhas,
 para que você saiba o quanto estamos bem. Eu 
estou aleijada, mas eu ainda consigo me movimentar. 
O resto da família está bem. Cherry está tão bem como
de costume. Escrevo-lhe estas linhas para que você
saiba a situação em que estamos, em parte em 
consequência de sua fuga e roubo da Old Rock, nossa
bela égua. Embora tenhamos conseguido a égua de volta,
ela nunca mais teve o mesmo valor depois de você levá-la; 
e como agora necessito de alguns fundos, eu decidi 
vender você; e eu recebi uma oferta por você, mas não 
considerei adequado aceitá-la. Se você me enviar mil 
dólares e pagar pela velha égua, eu vou desistir de todas
as queixas que tenho contra você. Escreva-me logo que
você ler essas linhas, e diga se vai aceitar minha proposta.
Em consequência de sua fuga, tivemos que vender Abe 
e Ann e doze hectares de terra; e eu quero que você me 
envie o dinheiro para que eu possa resgatar a terra vendida, 
e no recebimento da quantia de dinheiro acima nomeada, 
vou enviar-lhe o seu recibo de venda. Se você não cumprir 
com o meu pedido, eu vou vendê-lo para outra pessoa, 
e você pode estar certo de que não vai demorar muito 
tempo para as coisas mudarem para você. Escreva-me, 
logo que você receber essas linhas. Dirija sua carta a 
Bigbyville, Maury County, Tennessee. É melhor atender 
ao meu pedido.
Eu soube que você é um pregador. Como o povo do sul 
é tão ruim, é melhor vir e pregar para seus velhos 
conhecidos. Eu gostaria de saber se você lê a Bíblia. 
Se sim, você pode dizer o que será do ladrão se ele 
não se arrepender? E, se a um cego guiar outro cego, 
qual será a consequência? Penso que seja desnecessário 
dizer muito mais que isso por ora. Uma só palavra é 
suficiente para o sábio. Você sabe onde o mentiroso tem 
sua parte. Você sabe que nós criamos você como 
criamos nossos próprios filhos; que nunca foi abusado, 
e que, pouco antes de fugir, quando o mestre perguntou 
se você gostaria de ser vendido, você disse que não iria 
deixá-lo por ninguém.
Sarah Logue.
———————-
Syracuse, NY, 28 de março de 1860.
MRS. SARAH LOGUE:
– Sua carta de 20 de Fevereiro foi devidamente recebida, 
e agradeço-lhe por ela. Um longo tempo passou desde que
eu ouvi de minha pobre e velha mãe, e fico feliz em saber 
que ela ainda está viva, e, como você diz, “tão bem como 
de costume”. O que isso significa, eu não sei. Gostaria que 
você tivesse dito mais sobre ela.
Você é uma mulher, mas, se tivesse o coração de uma mulher, 
você nunca teria me insultado dizendo que vendeu meus únicos 
remanescentes irmão e irmã, porque eu não me submeti ao seu 
poder de converter-me em dinheiro.
Você diz que vendeu meu irmão e irmã, ABE e ANN, e 12 hectares 
de terra, porque eu fugi. Você tem a inefável maldade de me 
pedir para voltar a ser sua miserável propriedade, ou em lugar 
enviar-lhe 1.000 dólares para que você possa resgatar a terra , 
mas não para resgatar meus pobres irmão e irmã! Se fosse 
para lhe enviar o dinheiro seria para reaver meu irmão e minha 
irmã, e não para você conseguir terra. Você diz que está aleijada, 
e sem dúvida você diz isso para que eu sinta pena, pois você 
sabe que eu sempre fui suscetível nessa direção. Eu sinto muito 
por você, do fundo do meu coração. Todavia, estou indignado 
além do que as palavras podem expressar, que você possa 
ser tão cruel a ponto de rasgar em pedaços os corações que eu 
tanto amo; que você esteja disposta a nos empalar e crucificar 
sem qualquer compaixão, por seu pobre pé ou perna. Mulher 
miserável! Saiba que eu valorizo ​​minha liberdade, para não 
falar de minha mãe, irmãos e irmãs, mais do que todo o seu 
corpo; mais, na verdade, do que a minha própria vida; mais do 
que todas as vidas de todos os donos de escravos e tiranos que 
existem sob o Céu.
Você diz que recebeu ofertas para me comprarem, e que você me 
venderá se eu não lhe enviar US$ 1000, e no mesmo fôlego e quase 
na mesma frase, diz: “você sabe que nós criamos você como criamos 
nossos próprios filhos”. Mulher, você criou seus próprios filhos para o 
mercado? Você os criou para o pelourinho? Você os criou para serem 
conduzidos acorrentados em fileiras como animais? Onde estão os 
meus pobres irmãos e irmãs sangrando? Você pode dizer? Quem foi 
que os enviou a campos de açúcar e algodão, para serem chutados, 
algemados, chicoteados, gemerem e morrerem; onde nenhum parente 
pudesse ouvir seus gemidos, ou sentir compaixão perante seu leito 
de morte, ou acompanhar seu funeral? Mulher miserável! Você diz 
que você não fez isso? Então eu respondo, seu marido fez, e você 
aprovou, e a carta que você me enviou mostra que seu coração 
aprovou tudo. Você devia se envergonhar.
Mas, por falar nisso, onde está o seu marido? Você não fala dele. Deduzo, 
portanto, que ele está morto; que ele foi pagar sua grande conta, com todos os 
seus pecados contra a minha pobre família sobre sua cabeça. Pobre 
homem! Foi encontrar os espíritos do meu pobre povo, humilhado e assassinado,
 em um mundo onde a Liberdade e a Justiça são MESTRES.
Mas você diz que eu sou um ladrão, porque eu levei a velha égua comigo. 
Você não entende que eu tinha mais direito sobre a velha égua, como 
você a chama, que MANNASSETH LOGUE teve sobre mim? É um pecado maior
 eu roubar o seu cavalo, que ele me roubar do berço da minha mãe? Se vocês 
acreditam que eu perdi todos os meus direitos pelo que fiz, não é certo deduzir 
que vocês perderam todos os seus direitos sobre mim pelo que fizeram? Você 
precisa aprender que os direitos humanos são mútuos e recíprocos, e que se 
você tomar a minha liberdade e vida, você perde o seu próprio direito à liberdade 
e à vida. Diante de Deus e do Paraíso, existe alguma lei para um homem que não 
serve para todos os outros homens?
Se você ou qualquer outro especulador sobre o meu corpo e os direitos quiser saber o 
quanto valorizo os meus direitos, terão que vir até aqui e impor as mãos sobre 
mim para me escravizar. Você acha que me aterroriza apresentando a alternativa 
de dar o meu dinheiro a você ou entregar o meu corpo para a escravidão? Então saiba
que recebi sua oferta com desprezo indizível. A proposta é uma afronta e um insulto. 
Eu não vou ceder nem mesmo um fio de cabelo. Eu não vou respirar sequer um fôlego 
mais curto para me salvar de suas perseguições. Eu vivo em meio a um povo livre, que, 
agradeço a Deus, simpatiza com os meus direitos e os direitos da humanidade; 
e se os seus emissários e vendedores vierem aqui para me re-escravizar, e escaparem
do vigor intrépido do meu próprio braço direito, eu confio que meus fortes e bravos 
amigos, nessa Cidade e Estado, serão os meus salvadores e vingadores.
Atenciosamente,
JW Loguen

Texto Original

http://www.lettersofnote.com/2012/11/wretched-woman.html

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Sobre a redução da maioridade Penal

Nas ultimas semanas foi aprovado na CCJ (Comissão da Câmara dos Deputados) a PEC 171/93 que reacende o debate da PEC 33/2012 (derrotada em 2014) que se propõe alterar os artigos da CF: 129 e 228. No decorrer deste texto elucidarei o motivo pelo qual tal proposta é falaciosa e tenta retirar do Estado Brasileiro sua parcela de culpa no que tange a omissão em cumprir seu papel de ESTADO. Que conta com conivência da Sociedade Brasileira.
Existem alguns mitos sobre o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e as medidas socioeducativas previstas para ressocialização de crianças e adolescentes em conflito com a lei que precisamos trazer a luz.
Algumas falas se fundamentam na 1) teoria da “retribuição, vingança e retaliação” baseando se para isso na filosofia do “olho por olho, dente por dente”, somada com 2) teoria da dissuasão (Deterrence) que é “uma retaliação contra o criminoso e uma ameaça a outros, tentados a cometer o mesmo crime ou seja a “punição que seja exemplar”, se contrapõe a proposta da teoria que se baseia o ECA que é a  3) teoria da reabilitação “que consiste em reformar deficiências formativas do indivíduos (não o Sistema) para que retorne a sociedade como um membro produtivo.  
Tais teóricos que defendem a teoria 1 e 2,  costumam dar enfoque que 90 mil menores comentem crimes no país e que por conta do ECA não se pode punir os “delinquentes juvenis” e que se um adolescente pode votar ele pode ser punido. Usam também o argumento que o Brasil está na contra mão do mundo por que outros países reduziram a maioridade penal.

Vamos elucidar esse balaio de gatos.

1º pelo direito ao voto, destaco que essa argumentação não tem fundamento visto que o voto aos 16 anos é um direito adquirido pela juventude, sendo opcional e não obrigatório, sem contar que os mesmos podem votar e não podem ser votados. Mesmo que o adolescente vote hoje em um politico/candidato(a) ele pode se arrepender e votar em outro na próxima eleição o voto dele não é eterno e muito menos perpetuo.
2º a argumentação de que o ECA não permite punir os adolescentes por seus crimes. No ECA o adolescente de 12 a 18 anos é responsável por seus atos e responde por seu ato infracional de acordo com as medidas de ressocialização impostas no ECA que podem ser de acordo com a gravidade: ADVERTÊNCIA, REPARAÇÃO DE DANOS, PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE, LIBERDADE ASSISTIDA, SEMILIBERDADE e INTERNAÇÃO. Não é verdade como argumentam alguns que eles só podem ficar até 3 anos, a verdade é que eles podem cumprir medidas socioeducativas por até 9 anos, postergadas por mais 3 anos. Os que fazem questão de destacar que 90 mil adolescentes cometem crimes no país, 96% destes não tem o fundamental completo, não falam que esse número se for extraído da estática é alto, porém se comparado com 21 milhões de adolescentes, 12 a 18 anos no país gera uma taxa de 0,5% da população jovem do Brasil e que 30 mil desses 90 mil cumprem medidas socioeducativas. Lei tem só resta ser cumprida.

3º a argumentação de que o Brasil deve reduzir a maioridade para acompanhar a tendência mundial. Das 57 legislações analisadas pela ONU, somente 17% adotam idade inferior a 18 anos, cito que Alemanha e Espanha elevaram recentemente para 18 anos a idade penal em seus países e a Alemanha ainda criou um sistema especial para julgar jovens na faixa de 18 a 21 anos. Tomando por base os 57 países pesquisados pela ONU a média de adolescentes infratores é de 11,6%, a média Brasileira é de 10% portanto dentro dos padrões internacionais abaixo do índice. No Japão eles representam 42,6% e mesmo assim a idade penal no país é de 20 anos.

O que a PEC 171/93 aprovada na CCJ tenta esconder é que os jovens brasileiros são as maiores vitimas do Estado. Entre 1980 a 2010 os homicídios de crianças e adolescentes brasileiros cresceram em disparada 346%. De 1981 a 2010 mais de 176 mil foram mortos e só em 2010 o numero foi de 8.686 crianças e adolescentes assassinadas, ou seja, 24 POR DIA!
Segundo a OMS, o Brasil ocupa a 4º posição entre 92 países do mundo analisados na pesquisa. No Brasil ocorrem 13 homicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes. Percentual 50 a 150 vezes maior que países como Inglaterra, Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e Egito, no qual as taxas chegam a 0,2 homicídios para a mesma quantidade de crianças e adolescentes.

O revanchismo
Os recentes casos de destaque das medidas socioeducativas com os casos da Fundação CASA-SP que teve entre seus internos no ultimo ano 2014/2015, 542 alunos como finalistas da 10º Olimpíada Brasileira de Matemática-OBMEP e na mesma unidade teve um interno finalista no Concurso Nacional de Poemas, relatando sua realidade na fundação. Um interno de 17 anos da unidade Anhanguera em Campinas aprovado em duas universidades para os cursos de engenharia ambiental na Universidade São Francisco, e para UNESP no curso de geografia, além de ter sido aprovado também no curso técnico em química.
A pergunta capital é como apesar de todas as provas de que as medidas socioeducativas cumprem o papel da ressocialização e humanização do que a sociedade e o Estado brutalizaram, podemos pensar que mais cadeia ajudaria a melhorar o quadro?
Somente uma sociedade que se constituiu autoritária e fechada no próprio “EUcentrismo” não nota que existem atualmente 40 milhões de crianças e adolescentes abandonadas no país, que o governo pouco faz para corrigir essa distorção social. Essa mesma sociedade baseada em uma família igualmente autoritária propõe que se reduzirmos a maioridade penal irá coibir crimes, somente para se isentar da omissão social que ela e o Estado têm, a culpa pelo aumento da desigualdade social no país.
O modelo de teoria de ressocialização proposto no ECA
Ressocializa 80% dos adolescentes em conflito com a lei. 20% são reincidentes, no atual sistema prisional brasileiro 30% são ressocializados e 70% são reincidentes. O atual congresso e a mídia burguesa tentam nos convencer a trocar uma modelo de ressocialização que reabilita ao convívio social 80% dos atendidos para jogá-los em um sistema que ressocializa 30%. É isso?

Sistema Prisional Brasileiro e no Mundo
Na tendência de 20 anos em negarmos as condições sociais e suas desigualdades, o conjunto da sociedade, impulsionados pela Burguesia Brasileira, jornais, emissoras de TV e a classe média galgaram que o problema da violência no Brasil é questão de mais policia, então a politica publica foi repressão, repressão e mais repressão, e construção de mais cadeias até que o sistema esteja saturado como está. Relembrando um dado que muito já foi debatido, (os 90 mil adolescentes em conflito com a lei) destaco os “90 mil” por ser esse o numero de presos no sistema brasileiro antes da virada da politica inspirada no “tolerância zero” do prefeito de NEW YORK, (na nossa adaptação, gratificação faroeste). Passados 20 anos de repressão, vemos uma nova lógica, eles viram seus canhões e capitães do mato para atacar a juventude que em sua maioria é pobre e negra.
Vamos aos números, em 1990 tínhamos 90 mil presos no Sistema Penitenciário Brasileiro, no final de 2010 já havia 500 mil, um aumento de 450% ou seja, a 4º maior população carcerária do mundo, ficando atrás apenas de EUA (2,2 milhões), China (1,6 milhões) e Rússia (740 mil). O que não reduziu, tampouco desestimulou o numero de crimes e sua violência. Um sistema que não ressocializa, só é capaz de gerar mais ódio e esse ódio volta.
Cabe destacar que de 2000 até 2007 a população carcerária no Brasil subiu 81,53% em contra partida países que investiram na teoria da reabilitação em seus sistemas prisionais como Noruega, Dinamarca e Holanda, passam pelo problema de fechar prisões. Na Noruega se reabilita 80% de seus presos.
O dado mais evidente de que se deve investir em ressocialização ao invés da politica de vingança, é o fato de a Holanda ter prisões ociosas ao ponto de alugar para outros países que não adotam a teoria da ressocialização. Segundo o pensamento da jurisprudência norueguesa a ordem é ressocialização e reintegração dos presos à sociedade.
Os profissionais que atuam nos presídios são capacitados para lidar com os presos de maneira a ressocializá-los, passam por no mínimo 2 anos de treinamento em faculdade para se formarem em profissionais do sistema penitenciário.

Perfil dos encarcerados no Brasil e no Rio de janeiro
Dos 500 mil presos no Brasil sua maioria é de jovens entre 18 a 34 anos (75,16%) e homens (95,6%). No que tange a cor os dados são assustadores cerca de 40,25% são brancos e 55,61% são não-brancos, segundo a média Nacional. Quanto a sua formação educacional 64,26% não tem o fundamental e 8,77% o ensino médio, 0,93% possuem nível superior. As mulheres correspondem a 5,72% dos presos no SPB (Sistema Penitenciário Brasileiro).
No Rio de Janeiro 12% dos presos são brancos em contrapartida os não-brancos somam 88% dos presos e possuem formação escolar até o 6º ano (antiga 5º Serie). Tendo em vista que temos pouco mais 127 anos de abolição da escravidão nesse país, os negros que hoje estão em cárceres são do mesmo tipo e da mesma cor dos que foram alforriados em 1888. Mas que não tiveram nenhum amparo desse Estado, livres sim, porém abandonadas a própria sorte. Foram transportados das senzalas para as cadeias e bairros pauperizados. Somente conhecem um lado do Estado, seu braço armado.
O texto se propõe a debater o real problema por trás do Sistema Prisional Brasileiro e da PEC 171/93 que reacendeu PEC 33/2012 (já derrotada), que é o racismo de Estado, institucionalizado. Além de ressaltar a divisão de classes nesse país, convido todas e todos a pesquisarem, qual filho da classe média ou da burguesia desse país cumpre medidas socioeducativas ou prisão em regime de reclusão? A questão sempre foi de Classe...


Referências Bibliográficas:
BORGES, Éverton André Luçardo. ECA: Adolescente infrator e politicas para ressocialização. Disponível em: <http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13694&revista_caderno=12>. Acesso em: 14 abr. 2015.
CHAVES, Antônio. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 2ª ed. São Paulo: LTr, 1997.
COSTA, Dionísio Leite da. Reflexões sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Revista Direito e Paz. São Paulo: n° 02, 2000.
CURY, Munir et alli. Estatuto da Criança e do Adolescente Anotado. 3ª ed. Revista e Atualizada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,2002.
FAJARDO, Vanessa. Interno da Fundação Casa é finalista de concurso nacional de poemas: Jovem de 17 anos cumpre medida por tráfico; é sua terceira passagem. Ele disputará a final com 37 alunos de escolas públicas de todo o país.. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/10/interno-da-fundacao-casa-e-finalista-de-concurso-nacional-de-poemas.html>. Acesso em: 14 abr. 2015.
FERREIRA, Bruno; DUDYK, Kathia; CHITA, Thaís. As 18 Razões: As 18 Razões CONTRA a Redução da Maioridade Penal. 2014. Disponível em: <https://18razoes.wordpress.com/quem-somos/>. Acesso em: 14 abr. 2015.
HARNIK, Simone. Interno da Fundação Casa é aprovado na Unesp: Jovem de 19 anos da antiga Febem foi aprovado no curso de geografia. Ele também conseguiu vaga em curso técnico de química em Campinas. 2008. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL731231-5604,00-INTERNO+DA+FUNDACAO+CASA+E+APROVADO+NA+UNESP.html>. Acesso em: 14 abr. 2015.
 G1, Redação. 542 internos da Fundação Casa estão na final da Olimpíada de Matemática: Segunda fase da Obmep será aplicada neste sábado (13). Jovens da rede pública de todo o país participam da competição. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/09/542-internos-da-fundacao-casa-estao-na-final-da-olimpiada-de-matematica.html>. Acesso em: 14 abr. 2015.
MACEDO, Natália. Brasil 500 mil presos: campeão mundial em crescimento carcerário (2). 2011. Luiz Flávio Gomes. Disponível em: <http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121823546/brasil-500-mil-presos-campeao-mundial-em-crescimento-carcerario-2>. Acesso em: 14 abr. 2015.
MELO, João Ozorio de (Ed.). NORUEGA CONSEGUE REABILITAR 80% DE SEUS CRIMINOSOS. 2012. Disponível em: <WWW.CONJUR.COM.BR/2012-JUN-27/NORUEGA-REABILITAR-80-CRIMINOSOS-PRISOES>. Acesso em: 11 abr. 2015.
VASCONCELOS, Terezinha Pereira. Medidas socioeducativas para o adolescente infrator(educar para não encarcerar). 2012. 31 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Psicanalise na Educação e Saúde, Departamento de Pós-graduação e Pesquisa Funeso/unesf/unider, Funeso/unesf/unider, Campina Grande, 2012. Disponível em: <http://www.iunib.com/revista_juridica/2013/02/22/medidas-socio-educativas-para-o-adolescente-infrator-educar-para-nao-encarcerar/>. Acesso em: 14 abr. 2015.
TORELLY, Elisa; SILVA, Mayara; MADEIRA, Lígia Mori. Brasil 500 mil presos: campeão mundial em crescimento carcerário (1). 2011. Luiz Flávio Gomes. Disponível em: <http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121823480/brasil-500-mil-presos-campeao-mundial-em-crescimento-carcerario-1>. Acesso em: 11 abr. 2015.
SACHS, Ana. Número de presos cresce 81,53% no país entre 2000 e 2007, mostra pesquisa. 2009. Disponível em: <noticias.uol.com.br/cotidiano/2009709/207ult5772u5338.jhtm>. Acesso em: 11 abr. 2015.

sábado, 11 de abril de 2015

NOTA DE SOLIDARIEDADE AOS MORADORES DO COMPLEXO DO ALEMÃO

Nós do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe / RJ estivemos hoje no ato em solidariedade às vítimas do Complexo do Alemão executadas em confronto dentro da comunidade.  O Complexo do Alemão está supostamente pacificado desde 2010, quando foi ocupado por forças militares. Entretanto desde o início da ocupação a comunidade vive constantes tiroteios.
Segundo informação de um dos líderes da Associação de moradores já há 90 dias os moradores enfrentam tiroteios diários. O mesmo informou que quando houve a troca de comando da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) as Associações solicitaram ao Secretário de Segurança José Mariano Beltrame que o comando fosse um comando de diálogo com os moradores, o que não aconteceu. O líder relatou que o atual Comando retirou todos os projetos sociais da UPP e não dialoga nem com as Associações de Moradores, nem com a comunidade.

SEMANA SANTA
Nesta Semana os confrontos se intensificaram e dentro de quatro dias 4 pessoas foram mortas. Dentre elas uma criança. Elizabeth Moura Francisco, 40 anos, atingida com um tiro no pescoço dentro de casa, (sua filha, Maynara Moura foi baleada no braço, passa bem), Rodrigo Farine de 22 anos, executado com um tiro na cabeça, Matheus Gomes Farias, 18 anos, e o último, Eduardo Jesus Ferreira, 10 anos, executado com um tiro na cabeça enquanto brincava na escada da porta de casa.

A 3ª MANIFESTAÇÃO
O Ato foi convocado por Coletivos, ONGs e moradores, com concentração às 10 horas na Grota. Era nítido que a comunidade se encontrava humilhada e abatida, mas também revoltada e unida. Com bastante força e garra para ir às ruas e gritas os absurdos que antecederam este sábado 04 de abril. Houve denúncias de que a UPP estava segurando parte dos moradores não permitindo que os mesmos descessem o morro para participar do ato.
Com cerca de mil pessoas o ato partiu da Estrada Itararé com as consignas de pedido de justiça, Fim da UPP, Paz no Alemão. O povo manifestou o desejo de ir para linha Amarela, mas a organização do Ato direcionou para Praça de Inhaúma, segundo eles na tentativa de contornar o Complexo, o que tornou o ato cansativo já que os moradores retornaram a pé o percurso já caminhado de 3 km.
O Ato contou com o apoio do Dep. Estadual Marcelo Freixo, o Ator Paulo Betti, juntamente com outros artistas. (Não sei se acrescenta)
Paulo Betti fez fala representando a categoria dos artistas convocando a sociedade a lutar contra a tentativa de baixar a maioridade penal para os 16 anos.

ALEMÃO RECHAÇA A GLOBO
Em meio aos gritos de justiça, chega de UPP e fim da polícia militar surgiu o Fora Globo quando a população observou que a reportagem da emissora Globo havia chegado para também fazem a cobertura do Ato (que além das principais emissoras do Brasil, havia forte presença da imprensa internacional). Neste momento o Ato rachou politicamente quando a população não aceitou a presença da Globo que além de historicamente criminalizar os Movimentos Sociais tentou colocar o menino Eduardo como traficante. A população foi incisiva e partiu pra cima da reportagem com palavras de ordem. Entretanto “O dono” do carro de som saiu em defesa da “imprensa” dizendo que estavam apenas fazendo seu trabalho e que quem agredisse a imprensa que se retirasse do ato. Houve muito alvoroço, pois o mesmo tentou colocar a culpa da divisão nos movimentos que não eram do alemão afirmando que os moradores não estavam participando do escracho a Globo. (Disseram que era a FIP que estava rechaçando a globo, mas não observamos a presença do coletivo)
O clima ficou tenso, pois visivelmente os moradores foram intimidados e silenciados por figuras que tomaram o microfone com discurso em tom de ameaça. Logo em seguida uma moradora pegou o microfone e exigiu democracia no ato e afirmou que o morro não queria a Globo cobrindo o ato, pois além de forjar informações e manipulá-las, os moradores sofrem estigma e descaso da emissora.
Alguns moradores isolados dialogaram com a ala mais radicalizada argumentando que no morro é diferente, e poderia haver reais confrontos, pois a polícia se encontrava em bastante número acompanhando a manifestação com fortes armamentos. 

ENCERRAMENTO DA MANIFESTAÇÃO
No encerramento da manifestação a direção convocou uma oração pelas vítimas e o número de participantes havia diminuído visto a distância e o sol das 13 horas.
O Quilombo Raça e Classe RJ se solidariza com os familiares das vítimas e moradores do alemão e se soma a luta por justiça exigindo a punição dos culpados.
Elizabeth, PRESENTE!
Rodrigo PRESENTE!
Matheus PRESENTE!
Eduardo PRESENTE!