sábado, 11 de abril de 2015

NOTA DE SOLIDARIEDADE AOS MORADORES DO COMPLEXO DO ALEMÃO

Nós do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe / RJ estivemos hoje no ato em solidariedade às vítimas do Complexo do Alemão executadas em confronto dentro da comunidade.  O Complexo do Alemão está supostamente pacificado desde 2010, quando foi ocupado por forças militares. Entretanto desde o início da ocupação a comunidade vive constantes tiroteios.
Segundo informação de um dos líderes da Associação de moradores já há 90 dias os moradores enfrentam tiroteios diários. O mesmo informou que quando houve a troca de comando da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) as Associações solicitaram ao Secretário de Segurança José Mariano Beltrame que o comando fosse um comando de diálogo com os moradores, o que não aconteceu. O líder relatou que o atual Comando retirou todos os projetos sociais da UPP e não dialoga nem com as Associações de Moradores, nem com a comunidade.

SEMANA SANTA
Nesta Semana os confrontos se intensificaram e dentro de quatro dias 4 pessoas foram mortas. Dentre elas uma criança. Elizabeth Moura Francisco, 40 anos, atingida com um tiro no pescoço dentro de casa, (sua filha, Maynara Moura foi baleada no braço, passa bem), Rodrigo Farine de 22 anos, executado com um tiro na cabeça, Matheus Gomes Farias, 18 anos, e o último, Eduardo Jesus Ferreira, 10 anos, executado com um tiro na cabeça enquanto brincava na escada da porta de casa.

A 3ª MANIFESTAÇÃO
O Ato foi convocado por Coletivos, ONGs e moradores, com concentração às 10 horas na Grota. Era nítido que a comunidade se encontrava humilhada e abatida, mas também revoltada e unida. Com bastante força e garra para ir às ruas e gritas os absurdos que antecederam este sábado 04 de abril. Houve denúncias de que a UPP estava segurando parte dos moradores não permitindo que os mesmos descessem o morro para participar do ato.
Com cerca de mil pessoas o ato partiu da Estrada Itararé com as consignas de pedido de justiça, Fim da UPP, Paz no Alemão. O povo manifestou o desejo de ir para linha Amarela, mas a organização do Ato direcionou para Praça de Inhaúma, segundo eles na tentativa de contornar o Complexo, o que tornou o ato cansativo já que os moradores retornaram a pé o percurso já caminhado de 3 km.
O Ato contou com o apoio do Dep. Estadual Marcelo Freixo, o Ator Paulo Betti, juntamente com outros artistas. (Não sei se acrescenta)
Paulo Betti fez fala representando a categoria dos artistas convocando a sociedade a lutar contra a tentativa de baixar a maioridade penal para os 16 anos.

ALEMÃO RECHAÇA A GLOBO
Em meio aos gritos de justiça, chega de UPP e fim da polícia militar surgiu o Fora Globo quando a população observou que a reportagem da emissora Globo havia chegado para também fazem a cobertura do Ato (que além das principais emissoras do Brasil, havia forte presença da imprensa internacional). Neste momento o Ato rachou politicamente quando a população não aceitou a presença da Globo que além de historicamente criminalizar os Movimentos Sociais tentou colocar o menino Eduardo como traficante. A população foi incisiva e partiu pra cima da reportagem com palavras de ordem. Entretanto “O dono” do carro de som saiu em defesa da “imprensa” dizendo que estavam apenas fazendo seu trabalho e que quem agredisse a imprensa que se retirasse do ato. Houve muito alvoroço, pois o mesmo tentou colocar a culpa da divisão nos movimentos que não eram do alemão afirmando que os moradores não estavam participando do escracho a Globo. (Disseram que era a FIP que estava rechaçando a globo, mas não observamos a presença do coletivo)
O clima ficou tenso, pois visivelmente os moradores foram intimidados e silenciados por figuras que tomaram o microfone com discurso em tom de ameaça. Logo em seguida uma moradora pegou o microfone e exigiu democracia no ato e afirmou que o morro não queria a Globo cobrindo o ato, pois além de forjar informações e manipulá-las, os moradores sofrem estigma e descaso da emissora.
Alguns moradores isolados dialogaram com a ala mais radicalizada argumentando que no morro é diferente, e poderia haver reais confrontos, pois a polícia se encontrava em bastante número acompanhando a manifestação com fortes armamentos. 

ENCERRAMENTO DA MANIFESTAÇÃO
No encerramento da manifestação a direção convocou uma oração pelas vítimas e o número de participantes havia diminuído visto a distância e o sol das 13 horas.
O Quilombo Raça e Classe RJ se solidariza com os familiares das vítimas e moradores do alemão e se soma a luta por justiça exigindo a punição dos culpados.
Elizabeth, PRESENTE!
Rodrigo PRESENTE!
Matheus PRESENTE!
Eduardo PRESENTE!

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